Escravidão Moderna
Desde quando nos entendemos por gente, e nos é dada ciência da escravidão, passamos a valorizara liberdade. É quase automática a noção de privação da liberdade e o significado prático de ser “escravo” – a ele, resta, em troca de sua sobrevivência, receber comida, para simplesmente continuar vivo, e recostar o corpo exausto em algum lugar.
Procure esquecer que, ainda, em alguns locais, pratica-se a escravidão tradicional. Volte-se, agora, para o seu mundo, olhe à sua volta e busque encontrar o que mais lhe incomoda. Difícil? Acho que não! Talvez não seja fácil definir, verbalizar. Mas, existe sim uma sensação de desconforto algo inexplicável, não é mesmo?
Será que essa sensação desagradável é a tal “escravidão moderna”? E como ela se manifesta? Como, nós, indivíduos livres (?), nos permitimos tamanha submissão a ela?
Pois, vamos juntos entender esse desconforto, as causas desse desequilíbrio que tanto incomoda, mas, mesmo assim, teimamos em não “parar” para eliminá-lo ou diminuí-lo.
Simplificando, sem pretender ser simplista – “escravidão” é algo ou alguém que nos aprisiona e que nos mantêm vivos exatamente para continuar a se aproveitar da gente no momento seguinte, concorda?
Se sua resposta for afirmativa, permita-me as seguintes perguntas: você se lembra do seu primeiro salário? Era bem menor que o de hoje? O que você fez com ele? E o que você faz com o de hoje? Você já se apercebeu como e no que você o gasta? Não importa em que fase da vida e da carreira esteja, a estrondosa maioria das pessoas, sem distinção de classe social e tamanho de salário, está submissão à pouco discutida “escravidão moderna” ou escravidão do salário.
É isso mesmo? As pessoas simplesmente passam suas vidas como “escravas”, trabalhando para pagar contas, carnês, prestações, compras, serviços e etc. que poderiam, sim, ser evitados em grande medida. Caso tenha se esquecido, o nosso bom pensamento e seu melhor amigo – o livre arbítrio – servem exatamente para nos permitir a ter condição e padrão de vida mais saudável e livre de compromissos escravizantes.
Você já se apercebeu que as melhores coisas da vida “acontecem” para pessoas que exercitam suas escolhas de maneira ponderada e livre? Elas não permitem que o ego e as “motivações sociais” interfiram negativamente em suas decisões.
Então, antes que a “escravidão moderna” lhe aprisione a ponto de adoecer, aprofunde essas reflexões e busque entender como exercitar sua capacidade de ser livre financeiramente.
Veja, quem te disse que você é obrigado a ter:
- A melhor casa da vizinhança? - O carro do ano (todo ano)? - O celular mais poderoso? - A roupa da moda? Que moda mesmo? - E mais uma lista interminável de bens materiais, continuamente… Quem?
A norma vigente “determina” que as pessoas precisam pertencer a um grupo social e, para tal, devem (?) ter tais coisas e agir conforme. Por quê? Viver condignamente e bem não significa, de forma alguma, viver endividado e pagando contas! Olhe ao seu redor, e identifique uma família, que você possa dizer, sem pestanejar, que é feliz! Está difícil, não é mesmo? Pois é, as pessoas se esqueceram de exercitar seu poder de escolher, pensar, enfim, viver!
Liberdade é ter a coragem de ser e agir, não conforme o que você pensa que os outros podem pensar de você, mas de acordo com aquilo que você acredita que lhe fará bem.
Viver em sociedade nos obriga a fazer escolhas que levam também em consideração respeitar a liberdade dos outros. E tudo isso requer vigilância de pensamentos, comportamento, ações e respeitar as pessoas, mas primeiro a nós mesmos.
Uma das condições para ter sucesso é estar equilibrado no orçamento e respeitar o planejamento das finanças da família, que irá mudar, sim, ao longo da vida – ou você continua pensando e agindo como fazia dez anos atrás. É fundamental agir serenamente, com propriedade e razoabilidade, respeitando a gestão equilibrada e prudente do orçamento. Aliás, essa última parte parece ser a mais difícil. Como é possível? Afinal, são tantas as demandas… Será?
Para quem se gosta e ama os seus, de verdade, há um equilíbrio familiar intrínseco onde as escolhas levam em consideração interesses comuns verdadeiros (não aqueles passageiros e superficiais). Saber fazer escolhas, guardar dinheiro regularmente, nem que seja um pouquinho, e poupar conscientemente são atos explícitos de amor e respeito; o consumo desenfreado leva você para onde os outros querem, e não para onde você não deveria nem gostaria de ir e estar. Pense nisso, com isenção e serenidade, pois uma vida harmoniosa, rica de realizações pessoais lhe aguarda. Você merece ser livre e feliz.
“Não existe pior escravo do que aquele que falsamente acredita estar livre.” - Johann Von Goethe
Poucos dos que lêem isso percebem que nós somos as pessoas as quais Goethe se referia. Somos todos escravizados desde a infância, em uma prisão sem barras ou muros, mas pouquissimos realmente percebem isso.
“A Servidão Moderna” é um livro e um documentário de 52 minutos produzidos de maneira completamente independente. O objetivo principal deste filme é de por em dia a condição do escravo moderno dentro do sistema totalitário mercante e de evidenciar as formas de mistificação que ocultam esta condição subserviente. Ele foi feito com o único objetivo de atacar de frente a organização dominante do mundo.
“A servidão moderna é uma escravidão voluntária, consentida pela multidão de escravos que se arrastam pela face da terra. Eles mesmos compram as mercadorias que os escravizam cada vez mais.
Eles mesmos procuram um trabalho cada vez mais alienante que lhes é dado, se demonstram estar suficientemente domados. Eles mesmos escolhem os mestres a quem deverão servir. Para que esta tragédia absurda possa ter lugar, foi necessário tirar desta classe a consciência de sua exploração e de sua alienação. Aí está a estranha modernidade da nossa época.
Contrariamente aos escravos da antiguidade, aos servos da Idade média e aos operários das primeiras revoluções industriais, estamos hoje em dia frente a uma classe totalmente escravizada, só que não sabe, ou melhor, não quer saber.
Eles ignoram o que deveria ser a única e legítima reação dos explorados. Aceitam sem discutir a vida lamentável que se planejou para eles. A renúncia e a resignação são a fonte de sua desgraça.” - Jean-François Brient